quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Para pensarmos:

Crítica de Arte      
Definição
Em sentido estrito, a noção de crítica de arte diz respeito a análises e juízos de valor emitidos 
sobre as obras de arte que, no limite, reconhecem e definem os produtos artísticos como tais. 
Envolve interpretação, julgamento, avaliação e gosto. A crítica de arte nesse sentido 
específico surge no século XVIII, num ambiente caracterizado pelos salões literários e 
artísticos, acompanhando as exposições periódicas, o surgimento de um público e o 
desenvolvimento da imprensa. Os escritos de Denis Diderot (1713-1784) exemplificam o feitio 
da crítica de arte especializada, que se ancora em formulações teórico-filosóficas, mas traz a 
marca do comentário feito no calor da hora sobre a produção que se apresenta aos olhos do 
espectador. Nesse momento, observam-se as primeiras tentativas de distinguir mais 
nitidamente crítica de arte e história da arte, que aparecem como domínios distintos: o 
historiador voltado para a arte do passado e o crítico comprometido com a análise da produção
 do seu tempo. A despeito desse esforço em marcar diferenças, as dificuldades em estabelecer 
limites claros entre os dois campos se mantêm até hoje. Embora distintos, os campos da história 
e da crítica de arte encontram-se imbricados; afinal o juízo crítico é sempre histórico, na medida 
em que dialoga com o tempo, e a reconstituição histórica, inseparável dos pontos de vista que 
impõem escolhas e princípios. As meditações sobre o belo, no domínio da estética, alimentam 
as formulações da crítica e da história da arte.
Numa acepção mais geral, escritos que se ocupam da arte e dos artistas são incluídos na categoria
 crítica de arte, como é possível observar nos dicionários e enciclopédias dedicados às artes visuais.
A história da arte compreende a história da crítica, dos estudos e tratados que emitem diretrizes
teóricas, históricas e críticas sobre os produtos artísticos. Os primeiros escritos sobre arte remetem
à Antigüidade grega. Biografias de artistas (como as escritas por Duride di Samo, século IV a.C.),
tratados técnicos sobre escultura e pintura, de Senocrate di Sicione e Antigono di Caristo,
século III a.C., aos quais se junta, na época romana, o tratado de arquitetura de Vitrúvio,
De Architectura, e "guias" artísticos (como o escrito por Pausaniam, século II a.C.) estão entre os
primeiros textos dedicados à arte. Nesse contexto, o pensamento estético de Platão e Aristóteles
levanta problemas fundamentais sobre o fazer artístico: a questão da fantasia (ou imaginação
criadora), do prazer estético, do belo e da imitação da natureza (mimesis).
O período medieval não oferece uma teoria da arte ou crítica de arte sistemática, dominam
as meditações de ordem teológica, as formulações técnicas e os repertórios iconográficos, com a
 indicação de exemplos a seres copiados. Na Itália florentina do século XIV, as condições
econômico-sociais renovadas se exprimem em um ambiente artístico mais rico e em escritos
sobre arte originais. Filippo Villani escreve um livro em homenagem a sua Florença natal, 1381-1382,
em que destaca a vida de artistas da Antigüidade. Cenino Cennini (ca.1370-ca.1440), com descrições
 detalhadas da pintura a têmpera e do afresco, abre possibilidades para análises do material artístico.
A época renascentista traz interpretações científicas da natureza, apoiadas na matemática e
na geometria. Leon Battista Alberti (1404-1472) e Leonardo da Vinci (1452-1519) são os principais
teóricos do período, notáveis pelas tentativas de conferir fundamento teórico e base científica às obras.
Também se esboçam histórias da arte construídas pelo filão da vida de artista, comoComentários, de
Lorenzo Ghiberti (ca.1381-1455),  e As Vidas dos mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos,
de Giorgio Vasari (1511-1574), que se tornam modelares para a produção de Andréa Palladio (1508-1580).
O surgimento das academias de arte coincide com a crise dos ideais renascentistas expressa no
maneirismo - teorizado por Giovanni Pietro Bellori (1613-1696) e Luigi Lanzi (1732-1810) - e marca uma
 mudança radical no status do artista, personificada por Michelangelo Buonarroti (1475-1564). Não mais
artesãos das guildas e corporações, os artistas são considerados a partir de então teóricos e intelectuais,
 o que altera o caráter dos escritos sobre arte. As novas instituições têm papel fundamental no controle da
 atividade artística e na fixação de padrões de gosto. Na academia francesa, fundada em 1648, observa-se
 uma associação mais nítida entre o órgão e uma doutrina particular, com base no classicismo e na obra
do pintor francês Nicolas Poussin (1594-1665). Controvérsias têm lugar no interior das academias,
por exemplo, aquela que envolve Roger de Piles (1635-1709), admirador de Rubens (1577-1640),
contra os defensores de Poussin.
Nos séculos XVIII, apogeu das academias, e XIX, os teóricos do neoclassicismo Anton Raphael Mengs
(1728-1779) e, sobretudo, Joachim Johann Winckelmann (1717-1768) rompem definitivamente com o
modelo fornecido pela "vida de artista", apoiando suas interpretações em testemunhos históricos e no
esforço de compreensão da linguagem artística propriamente dita. Tanto o clássico quanto o romântico
são teorizados entre a metade do século XVIII e meados do século XIX. O contexto em que as novas idéias
 se enraízam é praticamente o mesmo: as contradições ensejadas pela Revolução Industrial e Revolução
Francesa. O romantismo é sistematizado histórica e criticamente pelo grupo reunido com os irmãos Schlegel
 na Alemanha, a partir de 1797, ao qual se ligam Novalis, Tieck, Schelling e outros. A filosofia de Jean-Jacques
 Rousseau (1712-1778) está na base das formulações românticas alemãs e tem forte impacto no
pré-romantismo do sturm und drang [tempestade e ímpeto].
O século XIX assiste à expansão das exposições de arte e à ampliação do campo de atuação do crítico.
Vale lembrar que os pintores, estão envolvidos no debate crítico com suas obras e escritos, por exemplo,
Eugène Delacroix (1798-1863) e suas considerações sobre o romântico, e Gustave Courbet (1819-1877),
 responsável pelo estabelecimento de um padrão de arte realista. A partir daí, os literatos passam a
ocupar papel de ponta nas discussões sobre arte em geral, entre eles Stendhal (1783-1842), os irmãos
Edmond Goncourt (1822-1896) e Jules Goncourt (1830-1870) e Émile Zola (1840-1902), o crítico do
impressionismo. Mesmo nos movimentos de vanguarda dos primeiros decênios do século XX, escritores
e poetas mantêm suas posições de críticos de arte atuantes - Apollinaire (1880-1918), cujas formulações
são fundamentais para o cubismo, e André Breton, escritor e teórico do surrealismo. A crítica de Charles
Baudelaire (1821-1867), em especial seu célebre ensaio O Pintor da Vida Moderna, sobre Constantin
Guys (1805-1892), mostra-se fundamental para a definição de arte moderna e da própria idéia de
modernidade. O moderno, declara Baudelaire, não se define pelo tempo presente - nem toda a arte do
período moderno é moderna -, mas por uma nova atitude e consciência da modernidade.
Acompanhar a história da crítica de arte no século XX obriga à consideração detida de diversas perspectivas
 teórico-metodológicas, que informam tanto a crítica propriamente dita quanto a história da arte, assim como
o levantamento da crítica mais militante, veiculada pelos jornais e revistas especializadas. No Brasil,
o surgimento da crítica de arte liga-se à criação da Academia Imperial das Belas Artes (Aiba) ,
no Rio de Janeiro, em 1826, que inaugura o ensino artístico formal no país. Seu primeiro representante
é o pintor, crítico e historiador de arte Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), que a dirige entre
 1854 a 1857. Porto Alegre confere importância destacada à pintura de paisagem que deveria, segundo ele,
 sair da cópia de estampas e dos quadros da pinacoteca e voltar-se para o registro da natureza nacional,
no entanto ele defende o estabelecimento de uma tradição depintura histórica brasileira.

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/

Atualizado em 16/01/2012.

Em compensação sobre a crítica de teatro, só se encontram textos jornalísticos e anúncios de eventos.
Por que será?

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